AMAZÓNIA
Relato e imagens de uma pescaria realizada de 16 a 24/9/2010 no Rio Negro, Amazónia (Brasil) , para a qual tive um magnífico convite do meu amigo de S. Paulo, Cap. J.P. e a que, por motivos incontornáveis não pude aceder. Fica aí o excelente Relato do também amigo Oscar, que participou na pescaria e depois mais algumas fotos e um vídeo fantástico de JP (João Pereira) a quem devo este convite, absolutamente único na minha vida. |
RELATO E FOTOS DE OSCAR
Bom, não sei vocês sabem, mas este ano, agora em setembro, eu fui para a Amazônia, região que eu ainda não conhecia.
Apesar do pouco interesse demonstrado até agora pelos frequentadores do fórum, resolvi mesmo assim fazer um relato dessa viagem.ste pra ela foi feito logo depois do Carnaval. Como não havia se acertado a viagem para o Xingu este ano, aceitei o convite do JP para entrar de contrapeso no grupo de amigos que ele organiza, já há 5 anos, para a Amazônia. A maioria do pessoal é de amigos do condomínio em Caraguá, e ainda os irmãos dele, Ticão e Vidal. Na última hora, com a desistência do Roque, se encaixou o Edmar, sobrinho do JP.
Como eu entrei no grupo depois de estar fechado, não consegui passagens para a mesma data deles, de forma que usei a folga que tinha e marquei a ida para Manaus um dia antes deles e a volta para um dia depois, pensando em aproveitar para conhecer a cidade.
Já no vôo a gente nota que Manaus está completamente cercada pela floresta, e somente muito próximo dela é que se percebe ocupação humana, bem diferente do que vemos no Sudeste ou mesmo no Centro-Oeste.
A cidade me surpreendeu pelo tamanho. Tem mais de 2 milhões de habitantes! Como eu gosto de conhecer de verdade os lugares por onde ando, fiquei num hotel bem no centro, para poder rodar por lá mais à vontade. E tive outra surpresa: essa parte central é bem antiga, de modo geral mal conservada e, conforme postei ainda de lá para vocês, consegue ser mais suja que São Paulo!!!!
Uma coisa que chama demais a atenção é a altura das calçadas. Praticamente não existe nenhuma que tenha o meio-fio com menos de 30 centímetros, e isso falando das mais baixas! Na média, pelo menos nessa região central, as calçadas tem cerca de 50 centímetros de altura, o que dá bem a idéia da força das chuvas que caem por lá na época das águas. Conversando com o povo na rua, é realmente esse o motivo: chuvas muito fortes, que provocam enchurradas idem que, com calçadas baixas, fariam estrago nas casas e comércio do local.
Faz um calor bravo, mas bem diferente de SP. Aqui, com 30 graus a gente está abrindo o bico e fica completamente sem ânimo. Lá, cheguei a pegar 39 graus, sua-se um bocado, mas vc não perde o pique, não arreia!
O trânsito é muito doido! O pessoal não dá moleza pra ninguém e quem não está acostumado com o ritmo deles tem que ficar esperto mesmo!
O POVO
Na capital, dá pra dizer tranquilamente que pelo menos 60% da população é de origem indígena, mais uns 30% de mistura com os índios e apenas os 10% restantes ocidentais mesmo. Percebe-se, nitidamente, a colonização do estado pelo sertanejo nordestino, bem diferente da que temos em SP. E do sertanejo que teve contato com franceses e holandeses, misturando com o índio, saiu um povo moreno, bonito de verdade! Cada morena de olho verde.....vixi!
Em Santa Isabel, de onde saímos com o barco, 95% da população é de índios. Completamente aculturados, adaptados à cultura ocidental, são os caboclos da Amazônia, como temos os nossos caboclos caipiras aqui. Se percebe simplicidade, mas de forma alguma miséria! É nítida a fartura disponibilizada pelas águas e pela floresta, para quem vive ali.
O PORTO E O MERCADO
É de cair o queixo o movimento do porto em Manaus! E eu conheci apenas um deles, de onde se faz a ligação para Belém, Santarém, Parintins, Belmonte, Porto Velho, lugares mais distantes e fora do eixo do Rio Negro.
Os barcos que fazem o trecho do Rio Negro, para Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira saem do Porto de São Raimundo, que eu não cheguei a conhecer.
O movimento de gente e de cargas é impressionante mesmo! Fica nítido que toda a comunicação e abastecimento das cidades do Amazonas é feito através dos rios. Mesmo as capitais e cidades de outros estados se servem muito de Manaus para abastecimento. Isso fica bem claro observando, no porto, os barcos com esses destinos.
É enorme a quantidade de barcos, e de grande tamanho! Percebe-se que o contato de todo o interior do Amazonas e mesmo a ligação com outros estados amazônicos se fazem por ali, pelo menos entre o povo mais simples que não pode viajar de avião.
Venda de passagens
As bancas de peixe no mercado são de encher os olhos! Peixe de tudo que é tamanho e qualidade, absolutamente frescos, bem diferente dos nossos mercados de peixe aqui, mesmo os do litoral!
A nota triste ficou por conta das pilhas de tucunarés-açu miúdos, que eu vi em algumas das bancas. Praticamente nada de borboletas ou pacas, apenas açús, a maioria miúdos, apenas um ou outro mais graúdo, pelo menos nos dois dias que andei por lá. Somente em uma banca e num dos dias, eu vi uma pilha não muito grande de açus. Como disse o JP, se essa proporçào é a que predomina (e agora estamos na temporada do tucunaré fora do mato lá), pelo menos temos a permanência dos reprodutores nas águas.
Açus graúdos no mercado. Foi a única banca que vi com eles grandes, nos dias que passei por lá.
Em compensação, muitas com pilhas de açus miúdos. Dá dó.
O que se percebe também é que muitos peixes vem dos rios de “água branca” como eles chamam aqueles da margem direita do Amazonas. Peixes que não se vê na bacia do Negro.
Mantas de pirarucu, tanto salgadas como frescas
Muito tambaqui nas bancas
E uma variedade enorme de espécies menores, desde jaraquis e corvinas, a pacuzinhos prata, piaus, cuiuiús, sardinhas facão....muitas mesmo.
Uma ala do mercado é quase toda dedicada ao artesanato indígena/regional e à parte das ervas medicinais. Vale a pena conhecer e aproveitar a oportunidade para umas compras. SÓ NÃO COMPREM UM BALAIO IANOMAMI DO TAMANHO QUE EU COMPREI EM SANTA ISABEL!!! Deu um trabalho dos infernos carregar aquilo pro barco, pro hotel, pro aeroporto e pra casa!
O comércio em volta do mercado e do porto é impressionante também! Na parte náutica de modo geral, preços bem mais baixos que os daqui de SP. Dá pra montar uma rabeta diesel de 13hp + uma canoa grande de madeira para ela por cerca de R$ 4000. Fora de Manaus, são o transporte básico do povo da região.
Os barcos de alumínio são todos soldados, excelentes, muito melhores que os rebitados daqui! Vi montes de canoas de trabalho e transporte, surradas e em plena atividade no porto, sem qualquer vazamento! Conversei bastante com os pirangueiros lá e examinei bem os barcos. Sinais de muito uso, com data de fabricaçào de mais de 10 anos na plaqueta....e absolutamente secos!
NAS ÁGUAS
O Rio Negro é preto de verdade!
Impressiona ver a cor da água....e o tamanho do rio! No caminho entre Santa Isabel e o rio em que pescamos, a vista do rio é pra deixar os olhos contentes mesmo! Muitas ilhas, praias de areia branquíssima em contraste com a água preta, muitos pedrais....talvez o rio mais bonito dentre todos os que eu já conheci! E que imensidão de água, mesmo em Santa Isabel, que já fica bem mais na cabeceira do rio! Nas proximidades de Manaus, visto do avião, é um absurdo de grande! Imagino só o que seja o Rio Amazonas, depois que junta o Negro e o Solimões!......um dia ainda vou conhecer!
Uma coisa que me atrapalhou muito no registro da viagem foi a tão falada umidade do ar na Amazônia, já sentida em Manaus, nas andanças pelo mercado e pelo porto. Se não lembrasse de tirar as pilhas da máquina pra limpar os contatos, a umidade fazia a máquina acusar pilhas fracas...e não batia a foto! Ou vc ficava com ela em uso, fotografando a cada pouco, ou ela dava problema se ficasse guardada um tempo.
Deixando Santa Isabel, pra começar a pescaria. O barco que aparece atrás é o barco de apoio, que segue o barco hotel. Carrega os combustíveis, serve de dormitório dos piloteiros e anda de prontidão se por acaso der algum azar com o barco grande. Bastante interessante o esquema, porque alivia bem o espaço no barco grande, que fica livre para circulaçào dos ocupantes.
Nos dois primeiros dias não saiu muito peixe. A gente escutava os danados batendo lá no mato, porque a água estava ainda muito alta, e lá um ou outro é que vinha até as iscas.
Para quem nunca esteve lá, é até difícil acreditar! Quando o barco parava à noite, era encostado à margem, grudado na mata....e não tinha nenhum pernilongo pra encher o saco! Região abençoada para quem gosta de mato!
Depois de subirmos mais um tanto de rio, parou o efeito de represamento do Rio Negro e, com a água mais baixa os peixes começaram de fato a aparecer.
Muitos tucunarés borboleta, um ou outro paca pequeno (entre 3 e 4 kg)....e não vi a cara dos açus de 3 listas! Muitos borboletas na faixa de 2 a perto dos 4 quilos.....e bem nervosos! Quando batia um mais enraivado eu achava que tinha acertado um listado. Quando punha a cara pra fora, era um borboleta!
Primeiro tucuninha
Primeiro paca
Final de tarde sempre se buscava observar os lagos, para identificar onde estavam os graúdos tomando conta da filhoteira. Logo de manhãzinha e no final de tarde, eles sobem à superficie e se percebe visualmente a presença deles. Uma das formas de se acertar os bocudões. Esse óculos de "pele de varejeira", como diz o Tomio, tem uma polarização fantástica, que nos permite ver coisas que só os olhos treinados dos caboclos conseguem alcançar. O meu eu comprei depois que experimentei o do JP, pescando com ele em Ilhabela.
JP procurando os peixes
Uma trairinha. Os peixes que peguei com esse piloteiro, o Bolinha, fotografei na mão dele, porque os nos dois anteriores que ele fotografou, não mostrou ter intimidade com a máquina!
Bicuda quase no tamanho limite da espécie lá, junto com tucuna na mesma isca.
Um bom borboleta
Paca briguento
Mais borboleta
Traíra, das pequenas
E dá-lhe borboletas!
Borboleta graúdo. Esse veio buscar a isca recolhida, no pé do barco, quando o líder já estava entrando na ponteira da vara! Tive que soltar a linha na hora, senão já era.
Dia do almoço de peixe moqueado. Esse dia foi gozado. Passamos a manhã praticamente no dedo, só com bicudinhas e borboletas miudinhos e estávamos subindo literalmente pra filar a bóia dos outros, porque não tínhamos peixe pra levar. Na subida o piloteiro de repente reduziu o motor e foi subindo manso até um canto do rio, uns 200 metros acima. dizendo que tinha visto peixe bater. Dois arremessos e peguei o nosso almoço. A maior traíra desses dias e um borboletão criado a toddy. Pra variar a máquina deu pau e a traíra acaba aparecendo só no jirau, já moqueando.
Dá pra vê-la mais atrás no jirau. Destaca dos outros peixes pelo tamanho.
O Marquinho Diffato esperando assar os peixes...e com cara de "que karaio eu tô fazendo aqui!"
O JP saiu várias vezes usando essa camiseta de tecido especial, térmica, com protetor solar e mais um monte de coisa, que a gente, pra encher o saco, chamava de fantasia de pirarucu. Eu quase me mijei de rir quando o Marquinho Diffato, muito fdp, deu a nota cômica no meio de um almoço: JP, cuidado pra não cair na água, que vem um pirarucu graúdo e dá um créeeu em você!
Enquanto o almoço não saía, um banho pra refrescar. É a vantagem de andar sempre de sunga....hehehehe
A desvantagem é um FDP te fotografar de rabo pra lua!
O moquém em função. Nessa foto ainda não estava com a carga completa.
E o fdp que me fografou de mau jeito é esse safado do Marquinho Granado, de óculos escuros.
Barriga cheia, uma rede pro relax
Ticão no meio das borboletas. Talvez por haverem menos praias que no Xingu, elas apareciam em concentrações maiores que lá – menos bebedouros, por isso mais concorridos...sei lá.
Mordomia pura! No mesmo dia do peixe moqueado, a janta foi um churrasco na praia, com mesas montadas
parecendo coisa de gringo no Caribe!
Até palmeiras fincadas na areia, pra dar um charme...e escorar o cordão de luz. Num tô acostumado com isso.....
Cheguei a ver duas vezes a explosão dos açus de porte atrás de caça nas praias, mas nao chegaram a bater nas nossas iscas. Até dificil acreditar que seja peixe, tamanho o esparramo que fazem! Mas foi mesmo só pra encher os olhos e deixar com água na boca, sonhando um dia encarar um deles.
No último dia, já chegando em Santa Isabel, prorrogação do segundo tempo, sai o único açu que eu peguei. Mesmo tendo acertado até borboletas maiores que ele, ESSE TINHA TRÊS LISTAS NO LOMBO! Ano que vem eu volto pra achar um grandão.
Os dois rabudos! O de azul, Edmar, sobrinho do JP, pegou o tucunão de 10,5kg. Quase nunca pesca e tb era sua primeira vez de Amazônia.
O outro, Gustavo, NUNCA pescou na vida. No mesmo dia pegou um de 8,5kg. Os dois juntos pegaram mais uma meia dúzia entre 6 e 7 kg. Vão ter rabo assim no inferno!....hehehe
Quem acostumou a pescar no Xingu, estranha a pouca variedade de espécies batendo nas artificiais. São apenas tucunarés – muitos – aruanãs, que eu peguei um bonito e traíras grandes, que os caboclos dizem chegar aos 4 quilos. Peguei muitas, de bom tamanho, até perto dos 3 kg. As águas ácidas da Bacia do Negro é que fazem a diferença, pelo menos para os peixes de escama esportivos. Quanto aos de couro, quase ninguém do barco saiu atrás deles. O Marquinho Granado insistiu um dia e pegou um filhote de 12 kg, mas costumam sair boas pirararas, cacharas, e até piraíbas de bom tamanho, como a que o Tiago, neto do Ronaldo, pegou no ano retrasado.
As bicudas de lá não tem nada a ver com as que eu conhecia! Tem a boca dentuça como as saicangas e o corpo de bicuda, mas sem ocelo na cauda. Não são grandes, a maior mal chegava a 1 kg, mas são muito perigosas no manuseio! Meia bobeada e essas criaturas elétricas te enfiam a garatéia no dedo de tanto que se batem. Precisa pegar a manha pra botar a mão nelas! Se encostar num lugar em que estejam batendo é melhor mudar de ponto, porque são valentes e atacam iscas até maiores que elas, sem dar chance dos tucunarés chegarem.
Existe uma outra bicuda, também pequena, que tem a boca igual às grandonas que conhecemos, mas um padrão pintadinho quase como os salmões e sem ocelo na cauda. Peguei uma que não deu pra fotografar por causa da máquina.
A bicudinha com cara de saicanga
Os jacundás são grandes, e muito bonitos! Peguei vários deles também, todos iguais, mesma coloração e padrão de manchas.
Foram 5 dias de pesca e pra mim, 3 deles excepcionais! Coisa de mais de 40 peixes por dia, tucunarezada nervosa mesmo! Acertei alguns pacas e só no último dia, já de volta ao Rio Negro, num lago perto de Santa Isabel, peguei um açu pequeno, mal chegando aos 3 kg. MAS NÃO SAÍ NO DEDO COM A ESPÉCIE! Esses pesos que eu menciono são todos das estimativas dos piloteiros, pois como estávamos atrás dos grandões de verdade, não valia a pena ficar pesando esses “miúdos” de 3 ou 4 kg....hehehehe
Não fui eu o único que passou vontade dos graúdos. O JP também não se entreverou com nenhum, pelo menos até o último dia de pesca, já na volta, que desse não chegamos a conversar dos resultados.
Saí daqui preparado pra encarar os brutos, com uma vara que o Vitinho montou pra mim, leve, forte e super equilibrada, dessas de pinchar o dia inteiro sem cansar e com tutano pra encarar briga feia! Carretilhas boas, linhas fortes, snaps escolhidos.......mas o peixe grande vai ficar pra próxima! Dessa vez, em termos de pesca bruta, foi só pra acostumar com o equipamento. A vara do Vitinho eu recomendo pra todos, sem pestanejar!....hehehehe. Equilibradíssima, leve, com componentes de primeira e muito bem acabada!
Levei uma outra vara também, que o Bico me arrumou de última hora, por causa da mancada da Intergreen. Apesar de maciça, o que a princípio nos faz pensar pesada e desconfortável, é extremamente leve e boa ppara arremesso! De equipamento eu não tinha o que reclamar O que não ajudou foi a sorte mesmo!
Pra mim é de lei tomar banho no rio, em todo lugar que vou pescar. E as águas da região são excelentes pra isso, porque chegam a ser mornas, mesmo no rio. Dentro dos lagos então nem se fale! Comparáveis a água de aquário tropical, na faixa de pelo menos 28 graus! Foram muitos banhos, entre o de me apresentar para o rio e o de despedida.
Outra coisa que se estranha também, é a pequena quantidade de aves e animais na região, pelo menos na beira dágua. Nao vi nenhuma capivara, jacaré apenas um açuzão de bem longe, sem tracajás na pauleira nem nas pontas de areia, sem a cantoria de pássaros que vemos em outras regiões, especialmente no Pantanal.
Araras voando longe e um pouco de papagaios, UMA única garça nesses dias todos, sem biguás, apenas um casal de talhamares, do claro, e um ou outro trinta-réis perdido. Vi voando alto duas aves que me pareceram biguatingas e escutei um único frifrió!!!
Não abundantes, mas mais comuns que as araras e papagaios são os tucanos de bico-preto. Curioso é que o canto deles não tem nada a ver com o grito rouco dos tucanos que conheço, aqui da Mata Atlântica ou do Brasil Central! É mesmo um canto, meio que asssobiado, completamente diferente!
Destaque para uma preguiça que vimos cruzando o rio, que o piloteiro de forma alguma permitiu que eu pegasse para fotografar. Falava das unhas dela, que são perigosas, que a responsabilidade com o turista era dele...e não adiantou dizer que eu sabia como pegar sem risco! Chateou isso, mas por outro lado mostra a qualidade e a responsabilidade dos piloteiros do Angatu.
Até mesmo os peixes, que eu mesmo costumo tirar da água com a mão, porque não uso o boga desde que quebrei o queixo de uma matrinchã e de uma cachorra, eles relutavam muito em deixar que eu pegasse, por causa do risco das garatéias. Só depois de ver que eu me virava sozinho é que paravam de pedir pra tirar...mas se aparecesse algum com a garatéia meio enroscada ficavam insistindo pra deixar que eles livrassem do anzol, pra evitar acidentes. Ficavam meio ressabiados com a minha teimosia....hehehe.
Chuva se formando. Elas vinham meio de repente, fortes, geladas e rápidas. Mal passavam o tempo esquentava de novo.
Coisa bonita de ver é a molecada ribeirinha se virando sozinha nas canoinhas! Seja no motor de rabeta ou apenas no remo, perto de Santa Isabel a toda hora se via os miúdos, com 6, 7 ou 8 anos, pra lá e pra cá no rio, na maior sem cerimônia, atravessando aquela mundão de água, na correnteza forte que nós da cidade titubearíamos enfrentar no remo!
Delicioso ver a intimidade das crianças com o rio e a liberdade que eles tem para se movimentar por lá, sem neurose de pai e mãe se descabelando com "os perigos do mundo lá fora!"
Essas três menininhas chegaram usando a rabeta e a menor delas se encarregou do remo para encostar o barco
Dois miúdos que atravessaram o canal da ilha em frente ao porto – pelo menos 400 metros de rio de boa correnteza......
....pra vir buscar o irmãozão na saída da escola!
Na chegada a Santa Isabel, uma paradinha no meio do rio, perto de uma ilha com uma baita praia, pra bater um papinho. É impressionantemente grande esse tal de Rio Negro, e alí estavamos mais para os lados da cabeceira dele! Nesses dias de pescaria, o GPS acusou estarmos a 147 km da fronteira com a Guiana, lá bem no gargalo do Brasil mesmo!
É grande! Essa vista é de um dos canais dele, entre as ilhas!
Já mais perto da cidade, todas as ilhas e barrancos mais altos do rio tem gente morando. E a condução ali é sempre a mesma....
Esse estava pegando o almoço. É até difícil pra gente imaginar uma canoinha dessas atravessando um rio daquele tamanho.
Antes de chegar na cidade e voltar pro mundo, um banho pra me despedir do rio. Essa é uma coisa que eu sempre gostei de fazer, pra poder ir embora em paz com as águas que me receberam...
Em resumo, uma viagem maravilhosa, para conhecer uma região incrível! Pena ter sido pouco tempo e com pouco contato com o povo ribeirinho, pois nos rios que se entra a população é extremamente esparsa, principalmente nas cabeceiras pra onde fomos. Não cheguei a conhecer uma comunidade ribeirinha, a andar nas canoas deles, nem conhecer as casas ou a comida cabocla.
Mas isso já está devidamente amarrado. Deixei já bem acertada, com um dos piloteiros, uma viagem para o ano que vem, mas num esquema bem diferente, pra fazer junto com meu filho. Aí sim, pretendo conhecer a Amazônia de verdade.
Agora é torcer pra dar mesmo certo!
FOTOS DE CAP. JP
VÍDEO DE CAPTURA
DE TUCUNARÉ GIGANTE